sexta-feira, 29 de junho de 2012

EU E BOBBY GRIFFITH


Olá meu povo, não pensem que esqueço de vocês, apenas estou tentando driblar tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo e deixar tudo no seu devido lugar ... o lugar de todos vocês em meu coração está mais que garantido !

Acabei de tomar um choque. Se o intuito era me fazer chorar conseguiu !! rs

Não sei se já assistiram ao filme PRAYERS FOR BOBBY (Orações para Bobby). Eu sempre ouvia sobre o filme, mas nunca tinha assistido, tive uma brecha no meu dia e resolvi assistir. E me arrependo de não ter conhecido esse filme a mais tempo.

Para quem não conhece o filme: 

Orações para Bobby [Prayers for Bobby] não é um filme de final feliz, mas mostra que depois do final infeliz pode haver um recomeço. Mesmo que ele seja duro, angustiado e cheio de culpas nos questionamentos sociais e religiosos quanto à homossexualidade. O filme é também uma história sobre o amor materno. E nesta relação maternal está Bobby Griffith e Mary Griffith, interpretados pelos atores Ryan Kelley e Sigourney Weaver. O filme foi baseado no livro homônimo publicado pelo jornalista Leroy Aarons, em 1995, que foi o fundador do "National Lesbian and Gay Journalists Association".
O filme foi exibido na TV americana. Desde então, abre a discussão na trilogia "Homossexualidade ► Família ► Igreja".

""Eu não posso deixar que ninguém saiba que eu não sou hétero. Isso seria tão humilhante. Meus amigos iriam me odiar, com certeza. Eles poderiam até me bater. Na minha família, já ouvi várias vezes eles falando que odeiam os gays, que Deus odeia os gays também. Isso realmente me apavora quando escuto minha família falando desse jeito, porque eles estão realmente falando de mim. Às vezes eu gostaria de desaparecer da face da terra". (Bobby Griffith)


Acima, o verdadeiro Bobby e sua mãe Mary Griffith. Mas eu poderia ter postado minha foto com minha mãe. Me vi no filme em tantas cenas.

Quando resolvi me enxergar como sempre fui. Quando resolvi parar de sofrer e tentar matar meus sentimentos e desejos tinha um grande desafio pela frente: minha família.

De uma família tradicional, evangélica, não seria fácil ter de encará-los e dizer que eu "não era o filho, neto, sobrinho, irmão, primo" perfeito, ou simplesmente aquele que eles idealizaram.

No meu processo de encontro com minhas questões, fui levado a psicólogos, psiquiatras, pastores e mais pastores tentaram expulsar demônios de mim. Fui colocado na frente de uma igreja para "assumir" que eu negava a vida que nunca escolhi, mas que sempre esteve comigo.

Lembro de uma ocasião, que alguns pastores me levaram para uma sala e começaram a orar, colocavam as mãos sobre minha cabeça, gritavam, clamavam, choravam, alteravam a voz e nada ... simplesmente nada ... até me deram um balde para eu segurar, caso o "demônio" que estava em mim, saísse em forma de vômito. Descrevendo a cena e até mesmo lembrando, parece um situação no mínimo engraçada, para não dizer ridícula. Mas só eu, sabia a dor que eu estava sentindo, em não ter opção de fazer aquelas pessoas felizes ou satisfeitas. Pois a minha alma, não correspondia aos anseios deles.

Com o filme, só não me denomino um Bobby porque tive a clareza e consciência de que acabar ou desistir da minha vida seria a saída mais fácil e menos interessante. Mas, conheci alguns Bobbys, leio sobre vários, que não tem essa força de enxergar uma saída para a felicidade.

Vi muito da minha mãe no filme. Ela não me ouvia. Ela não me permitia estar certo no meu modo de viver, de pensar. Ela não admitia que eu já era feliz naquela época, como sou hoje. Cansei de ouvir: "o salário do pecado é a morte", "o preço do homossexualismo é a AIDS", "você está virando as costas para Deus". E por mais, que eu entenda que ela não queria necessariamente ver o meu mal, a dor que ela me causou diversas vezes era quase que insustentável.

Pensei sim em acabar com tudo, mas o próprio Deus disse "NÃO".


Os anos foram se passando e tivemos a oportunidade de refletir e decidir que as questões devem ficar de lado. As cobranças devem dar lugar ao sentimento principal e fundamental em uma família: o amor. 

Hoje, posso dizer que minha família aprendeu a me aceitar e respeitar como sou. Como sempre fiz com suas escolhas, seus erros e acertos. E nos amamos, nos amamos a cada dia mais.

Vejo hoje meus sobrinhos crescendo, sendo ensinados ao respeito as diversidades do mundo. Sendo orientados a ver qualquer pessoa, com os olhos de amor, compaixão. Deixando de lado as hipocrisias sociais e religiosas.

Para os religiosos de plantão, que poderão até assistir um dia esse filme, ou então ler esse artigo, só tenho a dizer que tomem muito cuidado com suas posturas e conceitos aos homossexuais. Um destes pode estar sofrendo sentado no banco de suas igrejas, ou até mesmo dentro de suas casas. Pensando como eu mesmo pensei várias noites em terminar com tudo. A grande diferença é que eles podem não ter a sorte e serenidade que eu tive. E se isso acontecer, pode ser tarde demais.

Já resolvi que farei cópia deste filme para várias pessoas que acho importante assistir, principalmente a pessoas da minha família e amigos próximos. O filme foi baseado na história de Bobby, mas poderia ter sido na do André, Alexandre, Nilson, Lucas, Diego, Juliano, Junior, Alan, Marcelo, Douglas ... etc ... etc ...

Ficou curioso em assistir ao filme tem no Youtube completo: CLIQUE AQUI

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